Funcionários dos Correios decidem manter greve na Bahia após assembleia; paralisação dura 9 dias

0

Os funcionários dos Correios na Bahia decidiram manter a greve no estado, após assembleia realizada nesta sexta-feira (5), em Salvador. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos da Bahia (Sincotelba). A paralisação, iniciada no dia 27de abril, já dura nove dias.

A assembleia, que ocorreu na Praça da Inglaterra, no bairro do Comércio, na capital baiana, teve início às 16h e foi finalizada pouco antes das 19h. No encontro, os trabalhadores da Bahia avaliaram a proposta que havia sido apresentada pela empresa na quinta-feira (4), em reunião com representantes dos trabalhadores, em Brasília, mas optaram por manter a paralisação no estado.

“A proposta foi rejeitada, porque não corresponde aos anseios dos trabalhadores. Muitos pontos, como a questão do plano de saúde e do fechamendo das 250 agências em todo o país sequer chegaram a ser discutidos. Também ainda não houve um acordo para o nosso pedido de suspender ameaças de demissão motivada. Disseram que vão abrir novo pedido”, disse a vice-presidente do Sincotelba, Shirlene Pereira.

Conforme Shirlene, uma nova assembleia foi marcada para as 16h de segunda-feira (8), no mesmo local onde ocorreu a reunião desta sexta.

Protesto

Ainda de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos da Bahia (Sincotelba) o protesto em frente ao Centro de Cartas e Encomendas (CCE) dos Correios, localizado na BA-535, conhecida como Via Parafuso, em Salvador, continua na noite desta sexta. Um grupo de manifestantes bloqueia a entrada e a saída de veículos no local, desde a madrugada de quinta-feira (4).

O CCE é um complexo operacional que faz a triagem de cartas e encomendas que chegam à Bahia, antes de saírem para a distribuição. De acordo com Cedro Silva, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Bahia, com o ato, a distribuição de cartas e encomendas fica comprometida.

A assessoria de comunicação dos Correios informou, nesta sexta, que o acesso aos empregados está normalizado e que apenas encontra-se interrompida a entrada e saída de veículos. A empresa disse que entrou com uma ação na Justiça pedindo a liberação do local e aguarda uma decisão.

Os Correios também informaram que serão tomadas medidas contingenciais para minimizar o impacto, inclusive com o apoio dos empregados da área administrativa, que trabalharão no final de semana.

Os Correios informaram que estão operando normalmente em todos os estados e que todos os serviços estão disponíveis, inclusive os do Banco Postal e o Sedex, com exceção daqueles com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje).

A empresa informou que, para minimizar os impactos à população, mantém um Plano de Continuidade de Negócios, que inclui ações como deslocamento de empregados entre as unidades, apoio de pessoal administrativo e realização de horas extras. No último fim de semana, inclusive no feriado de 1º de maio, a empresa disse que promoveu mutirões para entrega de objetos postais.

Reivindicações

Os representantes dos trabalhadores pedem a retirada da mediação do TST sobre os planos de saúde, revogação da suspensão das férias, debate sobre a situação econômica da empresa, revogação da entrega alternada e otimização de atividade interna, suspensão das ameaças de demissão motivada e privatização, suspensão do fechamento das 250 agências e a criação de comissão com a participação dos trabalhadores para tratar sobre o tema.

A estatal tenta implantar um novo formato para o plano de saúde dos funcionários, o Postal Saúde. A empresa alega que esse custeio é o responsável pela maior parte do déficit registrado nos últimos anos na estatal. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários com 7%.

Quanto ao plano de saúde, os Correios propõem que os sindicatos apresentem uma contraproposta. Caso haja acordo, os Correios retirarão a solicitação de mediação que haviam feito junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Os Correios voltaram atrás em relação à decisão de suspender as férias dos trabalhadores. A estatal prevê a revogação da medida por 90 dias e disse que pagará até R$ 3,5 mil para os empregados que forem tirar férias em maio, junho e julho. O restante dos valores será parcelado. Os sindicatos querem que as férias sejam mantidas.

A estatal também disse que vai descontar as faltas dos funcionários no dia 28 de abril, quando foi realizada uma “greve geral” no país, e exigirá compensação dos funcionários que faltaram nos últimos dias.

Os Correios informaram que se dispuseram a suspender as novas implantações de medidas operacionais como a distribuição domiciliária alternada, entrega matutina e organização das atividades internas e que essas medidas serão negociadas em comissão a ser formada com essa finalidade. Os casos locais e os que apresentarem maior dificuldade serão prioridade na negociação.

Crise nos Correios

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e avalia medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal. Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.

Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.

Os Correios planejam também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos. Segundo os Correios, o fechamento dessas agências acontecerá sobretudo nos grandes centros urbanos.

No dia 20 de abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados está na pauta e vem sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.

Nesta quinta-feira, no entanto, foi anunciada a escolha da organizadora do próximo concurso dos Correios para as áreas de saúde, segurança e engenharia para os cargos de auxiliar de enfermagem do trabalho júnior, técnico de segurança do trabalho júnior, enfermeiro do trabalho júnior, engenheiro de segurança do trabalho júnior e médico do trabalho júnior. O número de vagas e salários não foram divulgados.

O último concurso dos Correios foi realizado em 2011 para 9,1 mil vagas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here