Motorista de ônibus que prendeu perna de passageira é afastado

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Um motorista de ônibus do Consórcio Integra suspeito de machucar uma passageira ao prendê-la à porta do veículo, no bairro da Barra, em Salvador, foi “afastado das atividades preventivamente até a apuração do caso”. A informação foi divulgada na noite desta segunda-feira (15) pela Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob).

A situação, gravada pela jovem, que viajou com a perna para fora do veículo, ocorreu na tarde de sexta (12), no veículo da OT Trans nº 10768, que faz a linha Pituba-Campo Grande R2.

A vendedora Karol Ferro, 23 anos, estava a caminho do trabalho, no Shopping Barra, e ao ver o sinal vermelho em frente ao Morro do Cristo, perguntou se o motorista poderia deixá-la descer antes do ponto de parada. No entanto, mesmo tendo permitido à passageira saltar do ônibus, no momento em que Karol colocou uma das pernas para fora do veículo, o rodoviário, imediatamente, fechou a porta, prendendo a perna dela, do joelho para baixo, do lado de fora.

Desesperada, Karol pediu insistentemente para o motorista abrir a porta traseira, e contou com apoio dos demais passageiros, também revoltados com a situação. “Quando entrei, dei ‘bom dia’ e nem ele, nem o cobrador me responderam. Já estavam de mau humor ou irritados com alguma coisa. Quando minha perna ficou presa, ele só sabia dizer que ‘só ia abrir quando quisesse’”, contou a vendedora.

Segundo a Semob, o Serviço de Transporte Coletivo por Ônibus (STCO) é regido por um Regulamento Operacional, aprovado pelo Decreto Municipal 25.966/2015, que estabelece um conjunto de condutas e práticas que devem ser seguidas pelas concessionárias e seus prepostos e que norteiam a ação da fiscalização da Semob.

“O regulamento prevê que o usuário deve ser tratado com urbanidade e respeito e que tem o direito à prestação do serviço de forma adequada e segura (art. 5, incisos I e V). Sendo assim, confirmada a ocorrência de infração de transporte, é lavrado contra a concessionária auto de infração, cuja multa perfaz o valor de 30 vezes o valor da tarifa vigente”, explica a assessoria da Semob, em nota.

No comunicado, também afirma que a Semob, em conjunto com as empresas do sistema de transporte, “vem oferecendo aos operadores (motoristas e cobradores) curso de capacitação como atendimento ao usuário, comportamento entre outros”.

O nome do motorista não foi divulgado.

Denúncia
Quem tiver algum tipo de denúncia sobre o serviço prestado deve entrar em contato através dos números 156 Fala Salvador ou na Central Integra (71) 4020-1550.

A jovem, que gravou um vídeo mostrando a situação, chegou a gritar para que o motorista abrisse a porta. “Eu fiquei com a perna presa e gritando para ele me soltar. No início, tentei tirar a perna e puxar para dentro do ônibus, mas, a cada movimento, eu me machucava ainda mais. Estou com a perna roxa, sentindo muita dor”, relatou a vítima, que estava a caminho do plantão no feriado.

De acordo com a advogada de Karol, Ludmilla Aguiar de Oliveira, o motorista “ignorou o apelo de todos e não abriu a porta por uma longa distância, até que finalmente a soltou já depois do posto de combustíveis, próximo da Associação Atlética [da Bahia]”.

No boletim de ocorrência (B.O.), feito na tarde desta segunda, a situação foi registrada como lesão corporal culposa conforme a Lei 9.503, artigo 303, que prevê detenção de seis meses a dois anos, além de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Mesmo com medo e presa à porta do coletivo, a jovem conseguiu tirar foto do número de identificação do ônibus, bem como filmar a ação do motorista. Ao descer do veículo, procurou uma viatura da Polícia Militar e foi encaminhada à 14ª Delegacia (Barra).

“Mas eu precisava ir primeiro para o trabalho. Fui até o Shopping Barra e, da loja, postei o vídeo nas redes sociais. Foi aí que minha irmã e a advogada viram e foram ao meu encontro. Elas me levaram para a delegacia, onde eu registrei a ocorrência”, disse a jovem, que ainda passará por exame de corpo de delito.

Karol ainda desabafou que, depois do ocorrido, está com medo de andar de ônibus. “Os motoristas acabam sendo os mesmos e, na volta do trabalho, eu desço já no fim de linha e fico sozinha no veículo. O motorista que prendeu minha perna com certeza fez isso só porque eu sou mulher”, declarou.

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