“Eu mereci”, diz Amado Batista sobre ter sido torturado na Ditadura

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Amado Batista é uma das atrações do São João de Itaberaba

Na madrugada desta segunda-feira (27) foi ao ar a entrevista de Marília Gabriela com Amado Batista no programa De Frente com Gabí do SBT.

E quando a entrevistadora falou sobre o Regime Militar, um dos momentos mais terríveis da história do Brasil, o papo ficou polêmico.

Amado contou que quando era jovem, entre 18 e 19 anos, trabalhava numa livraria e com este emprego conheceu e facilitou o acesso de alguns escritores, jornalistas e intelectuais aos livros proibidos na época, geralmente de filosofia, política, etc.

Foi aí que quando os militares investigaram aqueles intelectuais acabam chegando até ele, e prenderam Amado Batista, que ainda não cantava. Levaram-no à uma cela e o torturaram, e Amado contou:

“Me bateram muito. Me deram choques elétrico, e ainda um dia me colocaram com uma cobra”.

O músico ainda conta que fizeram muitas torturas psicológicas e ameaçam de morte o tempo todo, disse ele:

“Um dia me soltaram. Todo machucado. Fiquei tão atordoado que pensei em ser mendigo. Queria largar tudo. E virar andarilho”.

Marília citou a atual Comissão da Verdade que está ouvindo as pessoas e investigando alguns acontecimentos da tortura militar, e fez-lhe uma pergunta:

“Você não tem vontade de encontrar os caras que fizeram isso contigo? Ir a fundo, limpar esse passado?”

Amado causou surpresa em Gabí com sua resposta:

“Não. Eu acho que eu mereci. Eu fiz coisas erradas, então eles me corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho”.

Marília boquiaberta retrucou: “Que coisa errada você fez?”

Amado prontamente disse:

“Eu acho que eu estava errado de estar contra o governo e ter acobertado pessoas que queriam tomar o país à força”, e acrescentou: “Fui torturado, mas merecia”.

A repórter foi enfática: “Você passou para o lado de quem te torturou!”.

O cantor tentou finalizar o assunto dizendo que era passado e que achou que os militares estavam certos, pois se eles não fizessem “aquilo” o Brasil poderia ter se tornado uma Cuba.

Gabí disse que entendia a posição do músico, mas contou que Amado recebe uma indenização pela tortura no tempo da Ditadura Militar, oferecido pela Comissão de Direitos Humanos e da Lei de Anistia e quis saber o valor do salário mensal.

Amado resistiu um pouco, mas depois respondeu: “Eu recebo um salário de R$1 mil e pouco, todo mês desde algum tempo”, finalizou ele.

Marília lembrou-o que os militares também tomaram o poder à força e continuou a entrevista focando o papo em sua carreira e também em sua relação com os fãs.

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