Pela primeira vez, uma pessoa trans teve os pés lavados durante uma missa na tradicional Basílica Santuário Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim, em Salvador. O momento aconteceu na noite de quinta-feira (28), durante as celebrações da Semana Santa.
“Foi muito importante e emocionante padre Edson me apresentar como uma pessoa trans. Me senti muito acolhida pela igreja e pelas pessoas que estavam lá. isso vai ficar marcado por toda minha vida”, contou.
A missa da Ceia do Senhor é marcada pelo momento do lava-pés, um ato que faz referência a quando Jesus lavou os pés de seus 12 discípulos. O ato aconteceu antes de sua morte e ressureição.
Na quinta-feira, o reitor da Basílica, o padre Edson Menezes, também lavou os pés de 12 pessoas – entre elas, a empreendedora Brenda Souza, a primeira mulher trans a participar do ato.
Para ela, o momento foi tão emocionante porque ainda é difícil se sentir aceita em templos religiosos – não só os católicos. Para Brenda, que é católica, a ida à igreja ainda é marcada por olhares cheios de preconceitos.
“Ainda há muito preconceito, são espaços que nunca pensam que pessoas transexuais e travestis vão poder chegar. [O lava-pés] Mostra que é possível viver em sociedade, ter paz, amor”, afirmou.
Além de Brenda, as outras 11 pessoas também não foram escolhidas aleatoriamente: elas representam a diversidade étnica, religiosa, social e racial presentes na sociedade.
Entre elas, estavam um representante indígena, pessoas com outras religiões e um refugiado da Venezuela que foi acolhido pela Obra Social da Basílica Santuário Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim, o Projeto Bom Samaritano.
O escritor e agitador cultural Clarindo Silva também estava entre um dos 12 escolhidos para o lava-pés.
De acordo com o padre Edson, a escolha teve como base o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Amizade Social”.









