Dólar avança a R$ 4,9811, com fluxo comprador após frustração com Petrobras

O mercado doméstico de câmbio apresentou movimentos divergentes em relação ao cenário internacional, em meio à repercussão negativa da decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários. Operadores observaram um notável movimento de compra de dólares no país, potencialmente refletindo a desmontagem de posições estrangeiras na petroleira, resultando em uma valorização expressiva do dólar em relação ao real ao longo da sessão.

Ao final do pregão, o dólar à vista registrou um aumento de 0,96% em relação ao real, alcançando R$ 4,9811. Essa valorização não apenas reverteu as quedas acumuladas desde quarta-feira, mas também fechou a semana com uma alta de 0,53%, atingindo a maior cotação desde 26 de fevereiro, quando chegou a R$ 4,9815. Durante o dia, a moeda oscilou entre a mínima de R$ 4,9556 e a máxima de R$ 4,9918.

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O impacto do cenário doméstico sobre o dólar também se refletiu no comportamento de outras moedas. O dólar americano perdeu força contra pares do real, como o peso mexicano (-0,45%), e outras moedas correlacionadas a commodities, como o dólar australiano (-0,11%). O índice DXY, que mede a variação do dólar contra seis moedas fortes, caiu 0,11%, marcando a sétima baixa consecutiva.

O chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, destaca a influência decisiva da Petrobras sobre o mercado hoje, mencionando que o não pagamento de dividendos extras afetou significativamente a confiança dos investidores. Weigt observa que tanto o peso mexicano quanto o real estavam caminhando para uma valorização, mas o resultado desfavorável da Petrobras impactou negativamente o mercado.

Ontem, após o fechamento do pregão, a Petrobras anunciou uma queda de 28,4% no lucro líquido do quarto trimestre de 2023, abaixo das expectativas. Além disso, o conselho de administração decidiu não pagar dividendos extraordinários, em contraste com as expectativas anteriores.

Hideaki Iha, operador da Fair Corretora, destaca que o real cedeu a um forte fluxo comprador de dólares, embora seja desafiador confirmar se esse movimento está relacionado à desmontagem de posições estrangeiras. Ele reconhece que as notícias sobre a Petrobras contribuíram para a pressão sobre o real hoje.

Além das questões relacionadas à Petrobras, os investidores também reagiram às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sugeriu a possibilidade de aumentar o limite de gastos este ano devido à surpreendente alta na arrecadação. No mercado de câmbio, as quedas em torno de 1% nos preços do petróleo e do minério de ferro também exerceram pressão sobre a moeda brasileira.